Primeiras Impressões: Ao no Hako / Blue Box

Novo mangá de romance e esportes da Shonen Jump!!

Em 2007, nós éramos uns 40 alunos na adolescência, no ensino médio do Colégio Bom Conselho, em Porto Alegre. Tínhamos o viço da infância, a leveza das almas inocentes, a cegueira sobre a vida, mas destituída de incertezas. Éramos ansiosos do futuro, mas não tínhamos nenhuma noção do que nos esperava na vida. Vivíamos mergulhados em folguedos e não passava pelas nossas cabeças qualquer tipo de preocupação.

Ah, a infância, os primeiros dias, os albores da vida! O colégio nos entusiasmava, tínhamos nas aulas certamente o mesmo encantamento que têm os cãezinhos de estimação no primeiro dia em que os levam para passear na praça e só então constatam que existem outros cachorrinhos iguais a eles, que a vida não se resume só ao contato com os humanos.

Éramos almas simples, pudicas, não sabíamos sequer sobre os pormenores do sexo, tínhamos quase que apenas a capacidade de nos apaixonar. Éramos seres incompletos, recém saídos das fraldas. Tínhamos, no entanto, enorme curiosidade sobre o que a vida nos reservaria, aprendendo, como famintos de saber, tudo o que vinha ao nosso conhecimento.

Um romance puro. Uma paixão genuína. Sim, isso é algo extremamente comum na adolescência. E por mais tosco ou besta que possa parecer para alguns quando leem uma história de amor entre adolescentes, aquilo, aquele momento, para eles, é verdadeiro.

Mas por que estou falando tudo isso?

Simples.

Porque a Weekly Shonen Jump estreou, com louvor, um mangá de romance, com pitadas de esporte, depois de uns bons anos sem nada parecido.

É bem claro, pelos anos de postagens no Gekkou Gear, que eu amo a Shonen Jump. Ou que ao menos possuo bastante interesse na revista. Contudo, ela não é a minha antologia favorita. Quem é das antigas aqui do GG deve lembrar que eu já mencionei isso algumas vezes anteriormente. A minha revista favorita, antes e ainda agora, é a Weekly Shonen Magazine. Por quê? Porque ela tem como foco mangás de romance/drama e mangás de esportes, além de shounens de batalha como toda e qualquer revista shounen do Japão. Pra quem não sabe, a Weekly Magazine é a casa de Good Ending, Domestic na Kanojo, Fairy Tail, Nanatsu no Taizai, Hajime no Ippo, Baby Steps, Daiya no Ace, Kimi no Iru Machi, Koe no Katachi, Dr. Duo, entre muitos outros títulos. E eu amo demais mangás de romance/drama e mangás de esporte. Por conta disso, acabo curtindo um pouco mais ler os mangás publicados por lá.

Mas o motivo de eu ter puxado a Shonen Magazine pra conversa é que Ao no Hako, ou Blue Box, é um mangá que, se eu não soubesse de que revista é publicado, diria com 100% de certeza que era da Shonen Magazine. Ao no Hako é um mangá com fórmula total da revista concorrente da Shonen Jump. É basicamente como se a gente estivesse lendo um título da Magazine na Jump. Tem algum problema nisso? Nenhum. Apenas trouxe esse assunto porque fiquei bem impressionado ao ver uma obra diferente do que os títulos de romance da Weekly Jump costumam ser. Geralmente são mais voltados para a comédia ou para o ecchi. Achei bastante interessante essa aposta da revista e acredito, sim, que exista público na Jump para uma história como Ao no Hako. Aliás, acredito que não importa o quão bizarro seja, se for um mangá interessante, vai ter público em grande número para ler.

Talvez algo que possa ter levado para esse lado seja o fato de o autor do mangá, Miura Kouji, já ter publicado um romcom na própria Shonen Magazine em 2017. Além de um one-shot romcom, também na mesma revista, em 2019, e mais um mangá de mesmo gênero em outra revista da editora Kodansha. Ele tem o estilo, aparentemente, de contar histórias romcom como os da Kodansha. O que eu acho ótimo. Ainda mais se ele conseguir misturar isso com o estilo de romcoms da Shonen Jump. Infelizmente, seus dois mangás anteriores tiveram 4 e 2 volumes apenas, respectivamente. Esse é o meu maior medo e receio com a serialização de Ao no Hako, com o desenvolvimento da história. Espero que ele consiga desenvolver tudo de maneira orgânica e bem construída. Algo que naturalmente já é difícil de se fazer em uma publicação semanal, ainda mais numa Shonen Jump. Veremos. O editor que estará supervisionando o mangá é o mesmo editor que cuida do excelente Witch Watch, do autor de Sket Dance, e que antes cuidava de Phantom Seer.

Eu comecei o post refletindo sobre a inocência e pureza da vida durante a infância e adolescência. Sobre todos aqueles sentimentos e sensações que tivemos/temos durante essa valiosa fase das nossas vidas, porque foi justamente tudo isso que eu senti ao ler o capítulo inicial de Blue Box. E isso é incrível! Antes de começar a entrar em detalhes sobre a estreia do mangá, acho melhor colocar logo a sinopse pra vocês:

Inomata Taiki está no time masculino de badminton da potência esportiva Eimei Junior e Senior High. Ele está apaixonado pela jogadora do time de basquete Kano Chinatsu, sua senpai que ele treina junto todos os dias pela manhã no ginásio esportivo. Em um dia de primavera, a relação deles dá uma guinada brusca… E assim começa essa nova série de amor, esportes e juventude!

Para aqueles que queriam algo mais além de apenas romance, esse mangá possui também elementos de esporte! O que, pra mim, é fantástico! Se será bem feito e explorado, ainda não sabemos. Mas creio eu que seja uma ideia excelente para agregar ao desenvolvimento da trama. Fora que a Jump tem leitores de mangás de esportes aos montes. E está com muitos carentes com o fim de Haikyuu!!. O foco será em uma história de romance com, aparentemente, momentos esportivos em segundo plano. Eu acharia maravilhoso se seguisse um esquema parecido com o de Baby Steps, por exemplo. Isto é, esporte levado a sério, mas com ótimos momentos de romance por trás. Eu acredito que tenha ficado bem evidente que a parte de esportes em Ao no Hako será algo realista e pé no chão. Nada de vencer partidas e conquistar campeonatos com o poder do suor, da amizade e do grito, hehe.

Outro fator que eu acharia superinteressante (não a revista de mesmo nome) seria se eles explorassem algo no estilo de Sakurasou no Pet na Kanojo, em que o protagonista e a heroína se gostavam, mas chegaram em um momento das suas vidas em que tiveram que decidir se iriam se focar nos seus sonhos profissionais primeiro, para depois tentar ter uma relação de verdade, ou se abririam mão de seus sonhos profissionais para começar uma relação durante aquele período de suas vidas. Explorar esses questionamentos e trapaças da vida durante a passagem da adolescência para a fase adulta é sempre muito interessante e não seria algo nem um pouco fora do comum de se explorar em um mangá shounen. Várias obras fazem isso mesmo não sendo direcionadas ao público seinen. Dá pra fazer e acrescentaria muito ao enredo. Vai depender da capacidade do autor e dos rumos que ele quer dar pra história. Mas o mais legal nisso tudo é vermos a quantidade de possibilidades que Blue Box pode nos apresentar. Quantos mangás conseguem isso?

Ao no Hako surgiu, primeiramente, como um one-shot na Shonen Jump. Foi um grande sucesso, e não muito tempo depois, foi serializado. Gostei demais do primeiro capítulo. Ambos os personagens principais são muito bons. O Taiki é meio tapado e inocente, mas por enquanto não de uma maneira burra ou irritante. E caso venha ser, é muito fácil fazer ele crescer como personagem com o decorrer dos capítulos. A Chinatsu é uma garota bem interessante e determinada. Há bastante potencial para se explorar nela. Gostei de como o autor deixou os seus dois personagens principais com bastante margem de crescimento. Ambos são bem interessantes. E mesmo com apenas um capítulo, já tivemos dois personagens secundários que se mostraram boas adições. O aparente melhor amigo do Taiki, o Kyo, que parece ser sempre sincero com o seu amigo e lhe dá conselhos. E a fofíssima linda maravilhosa Hina, que tem tudo pra formar um triângulo amoroso com o Taiki e a Chinatsu. Ela chegou com aquela postura de ajudar amorosamente o Taiki se ele quisesse, mas a gente sabe bem onde isso vai dar, haha. Já aviso desde agora que sou #TeamHina e que dane-se a Chinatsu!

A química entre o Taiki e Chinatsu é ótima! Aliás, a química entre todos os personagens pareceu legal e natural. Nenhum deles me pareceu forçado ou apenas um estereótipo, parecem pessoas de verdade. A relação entre eles tem tudo pra ser um ponto forte da história e acredito que isso seja fundamental para o futuro do mangá. Ainda existe o elemento de as famílias do Taiki e da Chinatsu se conhecerem há anos, o que torna as coisas bem mais interessantes. Outro fator bacana é a aparência dos personagens. Não teremos o foco, ao menos por agora, em ecchi ou cenas forçadas. Por exemplo, a própria Chinatsu não é a imagem da gostosona ou de pessoa perfeita. Apesar de ela ser o ás do time de basquete, ela ainda é uma garota normal, com defeitos e é apenas ela mesma. O Taiki parece ser meio comum, meio genérico, mas eu vejo isso como uma boa forma de se explorar o seu crescimento durante a história. Afinal, que adolescente que a gente conhece que é perfeito, 100% maduro e que não faz merdas nunca? Não existe. E tudo isso só torna as coisas ainda mais naturais e realistas. Tudo o que uma história de romance precisa. Um personagem que eu gosto bastante e que encaixa bem nisso que eu falei é o Seiji, protagonista de Good Ending. Começa como um banana ou meio tapado, mas depois cresce bastante na história, sem deixar de continuar fazendo merda e errando, algo 100% natural do ser humano, ainda mais de um adolescente. A Rui, de DomeKano, é outra personagem fantástica, que começa de um jeito, bastante fechada, e termina de outro completamente diferente, exergando a vida de uma maneira bem mais alegre.

O desenvolvimento da história no capítulo #1 foi bastante natural, nada apressado ou apelativo. Teve bons momentos engraçados, soube transmitir bem as emoções dos personagens e foi fácil se identificar e gostar deles, algo muito difícil de se fazer, por mais simples que pareça ser. A quantidade de mangá que falha miseravelmente nisso é bizarra de grande. Nenhuma história se sustenta sem bons personagens. Pode ser que tudo isso vá por terra com alguns capítulos mais, entretanto não podemos negar que foi uma excelente primeira impressão e um bom indicativo do que virá pela frente em relação ao desenvolvimento dos personagens. Depois dos ótimos acontecimentos do capítulo inicial e da forma como Taiki e Chinatsu se aproximaram e se conheceram melhor, o final do capítulo trouxe uma reviravolta bem curiosa e divertida. Não. Não foi algo inovador ou que te faria ficar espantado. E não tem nada de errado nisso. Pelo contrário. O grande segredo é saber trabalhar com clichês de maneira excelente, instigante e criativa. Quer algo nunca antes mostrado? Talvez você veja, com sorte, de 5 em 5 anos ou de 10 em 10 anos em algum mangá por aí.

Mas e a arte? Linda, sutil e ótima com o estilo do mangá! Obras de romance e esportes com arte feia não dá, né?!

Dessa vez, tentei ao máximo evitar falar dos acontecimentos do capítulo, porque queria deixar essa experiência genuína pra vocês que decidirem ler em algum momento no futuro. O que eu posso dizer é que foi um excelente primeiro capítulo de mangá. Uma estreia sólida. Fazia tempo que não lia um capítulo inicial tão bem construído em um mangá da Shonen Jump. Mas esse foi apenas o começo. A verdadeira batalha vem agora!

O começo de Blue Box repercutiu muito positivamente no Japão. O mangá ficou nos trend topics do Twitter japonês e as reviews do capítulo de estreia ao redor do mundo são 99% delas positivas, empolgadas e esperançosas. Não acho que estejam exagerando. É apenas a mesma sensação que eu tive: de que algo muito interessante apareceu, algo de bastante potencial se bem trabalhado e vindo de um estilo de gênero de romance pouco comum da Shonen Jump. Veremos no que vai dar. Estou gostando bastante de ver a revista trazer coisas mais diferentes nesses últimos tempos, mesmo que isso possa afetar um pouco no surgimento de grandes hits dentro da famosa fórmula de sucesso da Jump. Na minha opinião, entretanto, uma coisa não anula a outra. Tem espaço pra todo mundo.

Pra você, que ama mangás de romance/drama/comédia como eu e que consume títulos assim, vou tentar dar exemplos de obras semelhantes para pegarem um contexto melhor do que esperar ao ler o capítulo inicial de Ao no Hako. O cap. #1 me lembrou bastante a estreia de Good Ending e um pouco da estreia de Domestic na Kanojo.

Enfim, espero que deem uma chance para Ao no Hako/Blue Box. Vale a pena. Caso você já tenha lido ou volte aqui depois de ler, comente o que achou. Estou curioso para saber a opinião de vocês.

Nota: 9/10

Onde Encontrar: MANGA Plus (app/site oficial da Shueisha e de graça!)

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