Primeiras Impressões: Build King

O autor de Toriko está de volta com a nova aposta da Shonen Jump!

Em meio a um ano com diversos encerramentos de obras de muito sucesso, a principal revista de quadrinhos do mundo, Weekly Shonen Jump, se viu, mais um vez, naquele mesmo momento de entressafra de títulos de sucesso. Mas eis que surge um possível novo candidato a elevar novamente a popularidade e a parte financeira da revista como antes: Build King, novo mangá do autor de Toriko!

Foram quase 5 anos desde o fim de Toriko, um mangá estreou com o pé na porta. Muitos imaginavam que a obra iria brigar de frente com Naruto, One Piece, Bleach – a tríade da época – e Hunter x Hunter, mas a verdade é que o mangá chegou no seu teto pelas mãos do Mitsutoshi-sensei e nunca conseguiu dar aquele pequeno passo além para poder se igualar aos grandes sucessos. Foi por pouco mesmo. A verdade é que mesmo assim, Toriko foi um dos poucos mangás que conseguiu ameaçar os hits da época, ajudou a Jump a vender ainda mais, o próprio mangá vendia muito bem e acabou ganhando um longo anime com direito a crossover em alguns episódios com One Piece. Antes disso, o autor havia publicado um gag mangá (mangá de comédia) para crianças que teve um relativo sucesso nas páginas da Shonen Jump, tendo mais de 20 volumes. A obra acabou sendo cancelada, pois o autor foi condenado por violar as leis de prostituiçao infantis no Japão. Ele foi acusado de pagar 80 mil ienes para uma garota de 16 anos fazer sexo com ele. Isso foi lá por 2001 e 2002. Toriko veio depois, em 2008.

Mas do que se trata Build King? Existe mesmo a possibilidade de brigar com os títulos de sucesso atuais da revista? Existe potencial para se tornar um dos pilares da revista ou ao menos um título de bastante sucesso como foi Toriko? Vamos ver o que o capítulo inicial nos mostrou em relação a estas perguntas…

Tonkachi e Renge vivem na misteriosa Hammer Island (Ilha do Martelo), um lugar onde nenhum humado deveria ser capaz de sobreviver. Os dois são carpinteiros que constroem casas para os habitantes da ilha, mas quais são seus poderes especiais? E quais são os seus sonhos? A construção dessa mega obra de uma história de fantasia de batalha logo começa!

Creio que para muitos ficou bem evidente que o autor se inspirou demais em Dragon Quest Builders, um jogo spin-off da enorme franquia de rpg Dragon Quest. No jogo, temos um herói, chamado de builder (construtor, basicamente um carpinteiro), que é o único ser humano capaz de construir coisas. O mundo fora destruído pela vitória do exército do mal e poucos sobreviveram. Cabe ao builder reconstruir o mundo com suas construções, lutar contra os monstros e recrutar os sobreviventes para, então, ser capaz de criar algo que consiga derrotar o Rei do Mal e trazer de volta a paz ao mundo. É um puta jogaço, fik dik.

King Builder bebe muito dessa fonte, o que é maravilhoso, na minha opinião. Sempre quis ver mundos semelhantes ao de jogos nas mãos de mangakás. E esse parece ser o caso ou, ao menos, o ponto de partida em King Builder. Sendo bem honesto, eu adorei o capítulo de estreia do mangá. E não foi um tiro de sorte do autor. A obra já havia sido publicada como one-shot um ou dois anos atrás. Ele teve, além dos quase 5 anos desde o fim de Toriko, basicamente mais um ano inteiro para aprimorar e criar toda a lore do mundo de King Builder. Assim que recebeu o sinal verde com o provável grande número de votos dos leitores dando um ”sim” a serialização após lerem o one-shot, o autor conseguiu fazer toda essa construção com bastante calma. Ao menos é o que parece. E torço para que tenha sido o caso. Um dos grandes fatores de cancelamentos é a falta de experiência em conduzir o roteiro de uma história. Com Toriko o autor não conseguiu ir mais além do que todos imaginavam que poderia, mas agora com King Builder, o universo da obra é ainda mais grandioso e cheio de possibilidades.

Já que toquei várias vezes no lore do mangá, vou começar falando por ele. Tem MUITO potencial a se explorar no mundo de King Builder. Que o Mitsutoshi-sensei é criativo, todos já sabem. Mas dessa vez ele se superou ainda mais. É um deleite ver as páginas desse primeiro capítulo com construções incríveis e cenários deslumbrantes. O mundo é tão vivo! É aquele típico caso em que você vê as imagens daqueles lugares e fica louco para que chegue logo no momento em que os personagens vão estar lá para podermos conhecer as tais construções, as tais cidades, o povo que lá habita, a cultura e as manias daquela população, os monstros que vão encontrar pelo caminho e as várias quests que podem acabar fazendo. King Builder tem, realmente, um mundo muito instigante e lotado de possibilidades incríveis a serem exploradas. O capítulo inicial se focou apenas na Hammer Island, o que eu acho ótimo. Conhecemos bem a personalidade e o papel de cada um dos dois protagonistas, descobrimos, em parte, porque eles estão lá, conhecemos o povo e como a ilha funciona, conhecemos o mestre deles, assim como as suas motivações. Ainda sobrou espaço para dar a entender para os leitores o que poderemos esperar no futuro, como uma ”main quest”, o objetivo principal daquele mundo. Nesse caso, tem a ver com os mistérios das grandes construções que existem no planeta, como uma montanha de cabeça para baixo no céu, um castelo sob as nuvens e outro sob lava, trilhos de trem tão grandes que ficam acima das nuvens, o palácio do Rei Dragão e por aí vai. Todas essas construções esplendorosas e gigantes são um grande mistério, ninguém sabe quem e quando foram construídas.

Tendo acertado em cheio nesses aspectos com o capítulo inicial, a história não ficou monótona ou cheia de informações. A história não foi rushada, não pareceu superficial e nem séria demais. Ficou tudo no ponto. Acredito que o autor se inspirou bastante em Hunter x Hunter com a dupla de protagonistas. Talvez ele tente fazer algo semelhante ao que Gon e Killua possuem. É um bom caminho a se seguir. Ambos Tonkachi e Renge são bastante carismáticos e personagens interessantes. Sim, é uma história shounen, então esperem por certos clichês e situações típicas da fórmula da Jump. Eu não vejo isso como um problema, sinceramente. Faz parte e é algo que o autor deve saber dosar. O importante é a história e os personagens serem interessantes. O humor entre os dois, e de maneira geral, me agradou. Não achei forçado e nem exagerado.

Um dos grandes erros e defeitos de novos títulos é o fato de o mundo, os poderes, a organização e o sistema das coisas, serem muito artificiais ou mal explicadas no começo da história. Geralmente os personagens tem poderes porque sim e o nivelamento e explicações de batalhas pouco importa. Eu acredito que, felizmente, esse não será o caso em Build King. Ao menos essa foi a impressão que eu fiquei. É bem evidente a diferença entre um autor experiente tentando emplacar um novo épico e um novato tentando o mesmo. Foi fácil notar o quanto o Mitsutoshi-sensei tinha a história na mão com esse primeiro capítulo e sabia exatamente o que estava fazendo.

Os dois protagonistas devem deixar a ilha desse começo para partir para uma nova jornada já no capítulo dois, assim como Gon fez no começo de Hunter x Hunter. O mundo tende a se expandir cada vez mais. Obviamente que algo relacionado ao mestre deles deve ter acontecido, mas não entrarei em muitas teorias para não tocar em spoilers. Enquanto Tonkachi cuida da parte da luta, construindo a paz, Renge cuida da construção das coisas/edificações/objetos. Uma dupla que se completa e que se trata como irmãos. Estou curioso para ver como serão os poderes desse mundo. O pouco que foi mostrado no capítulo inicial me agradou, ficou bacana. Mas vai ser legal de ver, tendo em vista que os dois são construtores! O que faz sentido, afinal estamos num mundo de builders!!

Outro ponto que me deixa curioso é pela parte de antagonismo da trama. Podem ser tantas coisas que eu realmente não sei o que esperar. Só torço para que não seja algo bobo. Provavelmente deve existir alguma organização de carpinteiros/construtores, no estilo da associação Hunter ou algo do tipo, o que seria bem interessante. E como todo bom mangá shounen de batalhas, nos resta torcer para bons combates, com um boa dose de estratégias.

Qual o principal fator de afastamento do mangá? A arte. O autor desenha MUITO. Isso fica claro pelos cenários, pelas cenas de ação e tudo mais. Mas é feinho o traço dos personagens, não acham? Haha. Eu sempre achei horrorosa a arte dos personagens de Toriko. Em Build King continua na mesma. É tudo questão de costume. Mas com certeza esse será um fator que vai afastar alguns leitores. Eu mesmo demorei pra dar uma chance pra Toriko naquele época justamente por esses motivos.

Build King teve um capítulo de estreia muito sólido e bem construído. Bons personagens, um mundo incrível e instigante e a promessa de que algo bom realmente pode sair desse mangá. Algo do nível de um Boku no Hero da vida hoje em dia? Talvez sim, talvez não. O universo incrível da obra está lá, vai depender da mão do autor se vai conseguir chegar até esse patamar. Eu torço pelo sucesso do mangá por conta do seu incrível potencial e mundo bastante interessante que o autor criou. E vejo com bons olhos um possível sucesso de Build King, pois deixaria a revista mais aliviada e sob menos pressão para ter mais paciência com os novos títulos que virão e com aqueles que estão sendo serializados e ainda podem vir a serem algo maior no futuro.

Eu mais que recomendo a leitura deste capítulo inicial de Build King. Não é todo dia que podemos dar de cara com um novo sucesso. Nada impede que fracasse lindamente em pouco tempo, afinal já tivemos várias exemplos disso recentes e antigos. Só nos resta pegar a pipoca e ficar assistindo de camarote. Eu sou daqueles que sempre torce por novas história e personagens incríveis, porque nós só temos a ganhar com isso!

Nota: 08/10

Onde Encontrar: MANGA Plus (app/site oficial da Shueisha e de graça!)

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Att, Gekkou Hayate

2 comentários em “Primeiras Impressões: Build King

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