Bem-vindo ao sofrimento.
É, parece que fiquei responsável pela terceira obra da Roleta GG, a qual foi indicada pelo próprio Gekkou. Sendo assim, é bom puxar bastante o saco falar bem sobre esse indicação: Welcome to NHK. Para entrar no espírito da obra, eu maratonei tudo de uma vez como um bom hikikimori faria. É, acho que fiz bem. Vamos para a sinopse.
Welcome to NHK é uma obra que nos traz o protagonista Satou Tatsuhiro, que é basicamente um hikikomori que acabou desistindo da faculdade ainda no trajeto até ela. Bom, que coisa besta, né? Uma obra sobre um hikikomori deve apenas tratar de forma cômica os diversos passatempos de um potencial NEET, óbvio. PEM! Eu estava bem errado. Quando iniciei esse anime sem se quer fui atrás de alguma sinopse. Apenas vi o pôster no MyAnimeList e pensei: bom, parece ser de comédia. Vai ser legal e bem de boa. Bom, não posso negar que realmente teve comédia, mas é algo que ficou bem de lado no decorrer da história.
Ok, paramos no protagonista hikikomori. Esse termo, explicando para os leigos, representa pessoas que não conseguem conviver normalmente em uma sociedade com muitas pessoas, fazendo com que eles se isolem em suas casas para se livrarem do contato social. O caso de Satou Tatsuhiro é aparentemente leve, mesmo ele já tendo quase quatro anos de isolamento. Dentro do próprio anime podemos observar um caso bem pior que do protagonista.
Mas o que fazer com Satou? Ele é um hikikomori, certo? Precisamos de um desenrolar para a história, correto? É aí que entram dois personagens: um vizinho incômodo e uma estranha simpática. O vizinho, no caso, é Yamazaki Kaoru. Yamazaki é um otaku pleno. Seu quarto é cheio de conteúdos infinitos relacionados ao mundo otaku que conhecemos. Além disso, o jovem fez parte do clube de literatura junto de Satou no colegial. Durante o anime ele está em um curso para criação de jogos.
Antes de mostrar a maior relação de Yamazaki com Satou, falaremos de Nakahara Misaki, a simpática estranha que um dia apareceu junto de sua tia testemunha de Jeová (?) na porta do apartamento do hikikomori oferecendo uma revista religiosa que falava justamente sobre a cura desse distúrbio social. Nesse momento rolou AQUELA troca de olhares e aí já viu… (mentira, não foi momentinho shoujo nãofoi sim). Bom, o importante é que Misaki mostrou interesse por Satou e lhe fez a proposta de curar seu lado hikikomori. Inicialmente Satou negou que possui tal distúrbio, mas depois de um tempo acabou se rendendo ao charme da garota.
Com tudo isso colocado, é quando a história realmente começa e vão sendo revelados muitos detalhes da vida de Satou. No mesmo clube de literatura que participou com Yamazaki, Satou tinha um senpai com a qual ele jogava cartas todos os dias na sala do clube. O envolvimento com ela é essencial na história, pois é mostrado claramente que ele se deixa levar pelas opiniões dela. É uma relação de respeito, amor e excitação. Hitomi, a senpai, é muito complexada com a existência de uma conspiração que age no mundo todo chamada NHK, a Nihon Hikikomori Kyoukai (no caso de Satou), relacionada com o canal televisivo japonês de mesmo nome.
NHK, então, é na verdade o grupo de conspiração mundial que fez com que Satou se tornasse hikikomori e ele acredita duramente que é realmente essa organização é que está tornando a vida dele nisso. Para piorar seu quadro, ele sofre de alguns distúrbios aparentemente esquizofrênicos. Não é algo confirmado durante a trama, mas podemos ver claramente que o isolamento social o fez pensar que todos os olhares de estranhos estão zombando dele e apenas em sua mente há razão absoluta. O distúrbio de loucura é mostrado na representação móveis e aparelhos eletrônicos em sua casa, que são as coisas que ele mantém mais contato durante toda sua vida de reclusão.
Como é perceptível, essa representação dos objetos domésticos de Satou é a sua ideia tentando manter a reclusão. Coisas como “não acredite nela” ou “a conspiração está te cercando” aterrorizam a mente do protagonista. Muito da dificuldade dele para progredir na “cura” é por causa dessas grandes recaídas. Seu cérebro o faz pensar que Misaki está apenas brincando com ele e até faz parta da dita conspiração ou então que nada vai dar certo, como, por exemplo, a produção do jogo que Satou se envolve com Yamazaki.
Agora que voltei a falar de Yamazaki, é necessário falar da importância do avanço de Satou para perder o quadro de hikikomori. O rapaz mostra uma maturidade incrível diante de Satou, mesmo que não aparente. Ele entrega a oportunidade para Tatsuhiro criar o roteiro de seu jogo galge. Além disso, o jovem é aquele que podemos chamar de “amigo do peito”. Eles jogam papo fora, conversam sobre trabalho, vida amorosa, bebem, saem juntos (esse último muito importante, já que Yamazaki é o primeiro que consegue fazer Satou sair de casa). Claro, em meio a isso tudo, há discussões e momentos de diálogos em tons mais sérios entre os dois. Esses são essenciais e mostram a força desse laço.
O ritmo da história é bem desenvolvido. Mesmo com a tendência de isolamento, não fica algo repetitivo e chato em nenhum momento, além do fato de que os acontecimentos “de praxe” são bem intercalados. Não fica uma sequência de episódios falando sobre a mesma coisa. A visão do ocorre está sempre mudando e sempre nos deixando curiosos para o que vem a seguir (mesmo que eu ache que muito disso acaba sendo forçado pelos possíveis sentimentos de amor de Satou por Misaki e Hitomi).
A trilha sonora está presente constantemente no anime e sempre casa com as situações, normalmente de colapsos, que estão ocorrendo. Apesar de parecer descartável, é importante ver cada detalhe da trilha, até mesmo a música incômoda e repetitiva que toca no apartamento de Yamazaki (puru puru puru rururin ♪).
O design dos personagens não tem nada muito impressionante. A aparência de Satou, claro, é de alguém que come pouco e não cuida da aparência, já que não precisa se mostrar para o público. Misaki é uma garota jovem normal, assim como Yamazaki aparenta ser. Hitomi, a senpai, é a maior representação de sensualidade dentro da trama. Nem por seu corpo se destacar dos outros personagens, mas pelo fato dela ser mostrado várias vezes com o corpo nu ou em situações que demonstrem erotismo, principalmente nas interações com Satou.
A animação não é algo genial; nem perto disso, porém ela não chega exatamente a pecar. Dentro do que é proposto por NHK, ela está de bom tamanho. Acho que algo muito bem animado poderia até mesmo acabar interferindo com o clima da história, que é de uma distorção. Uma real bagunça.
É sempre muito interessante ver o progresso de Satou para sair do estado de hikikomori. Há uma tensão e mesmo para quem vê de fora às vezes não sabe se ele está melhorando ou não. Outra coisa além da síndrome de isolamento é o fato da pequena esquizofrenia dele com as conspirações. Hitomi foi um grande agravador disso durante o colegial de Tatsuhiro, já que ele já era um jovem complexado e pessimista com as coisas da vida. O estado de hikikomori seria um resultado absoluto sobre disso. É bastante intrigante, podemos dizer.
Bem, para finalizar esse pequeno (e atrasado) review, posso dizer que Welcome to N.H.K. é bastante recomendado para grande parte do público otaku. Não apenas pelas referências e identificações com alguns personagens, mas sim pelo fato de se fazer pensar num geral sobre a vida e como esta segue adiante independente do que pensamos. É um belo retrato de como funciona a real natureza humana que torna tudo num drama mesclado com um toque exato de comédia.
Ficha Técnica:
Título: N・H・Kにようこそ!(Welcome to N.H.K.)
Episódios: 24
Estúdio: Gonzo
Gêneros: Comédia, Drama, Romance, Psicológico
Diretor: Yuusuke Yamamoto
Autor: Tatsuhiko Takimoto
Nota: 9,5/10
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Fiquem ligados para o próximo post da corrente de reviews que será de uma obra que indiquei para o Adra. Não é exatamente um das minhas obras favoritas, mas me fez pensar bastante sobre várias coisas e espero que ele também goste. Espero que tenham gostado da review e se ainda não tiverem assistido Welcome to N.H.K. não percam a chance e vão na fé! O próximo post da Roleta GG está previsto para 05/08. Fiquem de olho no Gekkou Gear.
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Att, Teke
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boa review parabens
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Gostei da review e gostaria de ver o anime, mas não acho em lugar nenhum pra fazer o download, só consegui achar na MDAN porém o torrent ta off, poderia deixar o link de onde tu baixou ou viu online ?
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Tem na anbient, digite NHK + anbient no google. Eles usam a versão do MDAN e o encode deles é ótimo, nem dá pra notar a pouca perda de qualidade da img (nem msm em tvs gigantes)
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curti a review, eu lembro que quando assisti esse anime pela primeira vez ele me marcou bastante, a história era densa e profunda, não tinha nada a ver com o que eu assistia na época haahahahahaahah
ansioso pra saber o que tu recomendou pro adra
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9,5? serio? eu não daria nem 7,0 no máximo 6,0 , o tema e bom mas foi muito mal explorado, senti uma imensa falta de conteúdo e uma especie de repetição exagerada nas ações dos personagens, e por falar neles temos o protagonista que não e apenas irritante ao extremo, ele e indeciso e chorão, bom em resumo eu achei uma obra com bom tema mas mal explorado, ou seja: fraca.
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Ainda bem que curtiu NHK, é um dos meus animes favoritos. Gostei bastante do review, a ponto de não ter nada a acrescentar a ele pelo o que eu lembro agora. Tudo é muito bem feito na história, que, além de super interessante, tem também uma grande harmonia em todos os pontos durante a condução do enredo.
Só sei que partiu meu coração naquela cena importante envolvendo o Yamazaki. Fiquei triste mesmo! Hahaha.
Recomendo também dar uma lida depois no mangá. Ele e o anime seguem até a metade da história pelo mesmo caminho, mas a partir desse ponto elas tomam rumos diferentes, por isso vale a conferida. A Panini publicou por aqui o mango até.
Post muito bom e agora é esperar pelo viado do Adra postar isso quando conseguir porque eu tô curioso pela tua indicação!
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